Osmar Machado, pai de Filipe, se revolta com plano adotado por Miguel Quiroga na viagem. Grêmio oferece velório a jogador, revelado pelo Internacional.
Uma tristeza amplificada pela revolta. Ou uma revolta que aumenta a tristeza. As duas definições explicam o sentimento de Osmar, que no dia de seu aniversário recebeu a notícia de que seu filho, o zagueiro Filipe Machado, estava entre as vítimas do voo que matou 19 atletas da Chapecoense na Colômbia. Enquanto tenta conviver com a dor da perda, ele se debruça sobre as prováveis causas do acidente e mostra-se indignado ao saber que muito possivelmente o piloto e proprietário da companhia aérea LaMia, Miguel Quiroga, fez o voo de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, para Medellín, com a aeronave no limite da autonomia de combustível.
- Não estou preocupado com dinheiro. Eu não tenho muito dinheiro. Mas meu filho, uma pessoa maravilhosa, fez o seguro para a minha nora. Nesse período na Europa, conseguiu comprar alguma coisa. Mas e outras pessoas que estão ali dentro? O seguro é muito bom quando se compra, mas quando paga é uma porcaria. Eu nem sei se esse cara fez seguro. Eu sei que a Chapecoense fez um seguro de vida e vão receber salário por 12 meses. Mas e a companhia? Os caras vão, de repente, criar obstáculos para não pagar. Não vou me preocupar com esse lixo de gente, esse monstro. Não vou fazer nada. Você imagina o momento que tiver uma audiência e eu tiver ouvir o nome desse estrume que fez o que fez com o meu filho - disse Osmar.
- Ele (piloto) deveria saber que o combustível não daria. E por que esse idiota não parou para abastecer? Eu já acho que todo homem tem seu preço, e ele é o mais barato de todos. Pela atitude que ele tomou. Eu não sei a situação que o clube contratou. Eu não tenho como condenar o clube - completou Osmar Machado.
O pai do zagueiro da Chapecoense ainda desabafou ao referir-se ao fato de que uma parada para abastecimento durante o trajeto representaria um custo maior para a empresa aérea.
- Porque o currículo dele era ótimo. Mas a única coisa que ele precisava era ter abastecido. Diminuiria o lucro dele. A ganância, e o que criou? Todas as pessoas mortas, e ele morreu. Ele deveria ter ficado vivo para ouvir de todos nós essa situação. E ter entendido a palhaçada, a atitude, a ignorância e o assassinato que ele fez.
Depois de ser velado neste sábado, na Arena Condá, com os demais integrantes da Chapecoense, o corpo de Filipe Machado será levado a Porto Alegre para velório no Grêmio, clube pelo qual o zagueiro nunca atuou. Osmar explicou que, num segundo momento, a família foi procurada pelo Internacional, que revelou Filipe em suas categorias de base.
- Não conseguimos lugar em Gravataí (cidade natal do jogador, no Rio Grande do Sul), então o Grêmio se dispôs para fazer lá ao lado do Matheus Biteco. O Inter nos procurou depois, mas já estava tudo resolvido. Não deu tempo - explicou Osmar Machado.
Fonte: G1
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