Suspeito de matar estudante na Lapa é preso no Centro; ‘Não quero olhar para ele. Meu filho não vai voltar’, diz pai



O preso sorrindo na delegacia Foto: Gustavo Stephan / O Globo

“Não quero nem olhar para ele. Meu filho não vai voltar”. Foi assim que reagiu Jorge Bonfim, pai do estudante Conrado Chaves da Paz, de 19 anos, ao saber da prisão do suspeito de assassinar seu filho. Hercules Ricardi dos Santos, o Quinho, de 25 anos, foi capturado por policiais militares do 5º BPM (Praça da Harmonia), na madrugada deste domingo, no Centro do Rio, depois de ser perseguido. Ele foi levado para a 5ª DP (Gomes Freire). Na delegacia, o suspeito riu ao ser apresentado à imprensa.

- Vou conversar com a minha família. Mas não quero nem olhar para ele. Vai me dar um estalo de ânsia negativa se fizer isso. Estou aliviado com a prisão, mas meu filho não vai voltar - disse Jorge.

Ele contou, ainda, que não perdoa Hercules:
- Ele é o mal. E, por isso, não tem que ser perdoado. Agradeço aos policiais da Divisão de Homicídios, que o identificaram, e também aos que o prenderam. É uma pessoa a menos na sociedade para fazer coisas ruins, para fazer maldades

Conrado foi encontrado morto no Centro do Rio Foto: Reprodução / Facebook

Hercules andava pela Rua do Livramento quando foi visto pelos PMs: eles reconheceram duas tatuagens no braço do suspeito. Ele correu e foi seguido. Na Rua Senador Pompeu, Hercules tentou pular uma cerca de ferro e acabou sendo pego. Apesar de desarmado, o suspeito tentou lutar com um dos policiais, tentou tomar a pistola dele, mas acabou sendo imobilizado.
No caminho para a delegacia, Hercules deu um nome falso aos PMs. Depois, confessou ter assaltado Conrado, mas negou ter matado o jovem. O preso seguirá para a Dibisão de Homicídios (DH), na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade.

Facada no peito

Conrado foi morto com uma facada no peito no dia 1º de dezembro. Ele teria se recusado a entregar seu celular a Hercules. A arma usada foi uma faca de cozinha. O crime ocorreu na Avenida Chile, na Lapa. O corpo de Conrado foi encontrado por moradores de rua. À época, a família contou aos policiais da DH que o jovem saíra de casa, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, na noite do dia anterior para encontrar com amigos. Ele disse aos pais que não dormiria em casa.

A faca usada no crime que matou Conrado, no Centro do Rio Foto: / Polícia Civil

A DH chegou a Hercules após ouvir uma séria de depoimentos. Ele teve a prisão decretada pela Justiça em 12 de dezembro. De acordo com a polícia, Hercules já havia sido preso por roubo anteriomente e cumpria pena em regime semiaberto. Ele, porém, conseguiu se livrar da tornozeleira que monitorava seus movimentos. Hercules seria usuário de drogas.

O pai de Conrado criticou o fato de presos saírem da cadeia antes de cumprirem toda a pena.
- Eu espero que ele (Hercules) seja condenado e fique preso. Não tem que ter esse negócio de sair (da prisão) depois de cumprir um terço da pena, de sair com tornozeleira. Aí, o sujeito vai para casa e não volta mais. E acaba fazendo o que esse aí fez. Imagina só quantos outros na mesma situação não há por aí? - disse Jorge Bonfim.

Flamengo e mergulho eram paixões

Torcedor do Flamengo, Conrado estudou quase toda a vida no colégio Pedro II. Primeiro na unidade de São Cristóvão (ensino fundamental), concluindo o ensino médio na de Realengo. Três meses antes de sua morte, o jovem decidira arrumar um emprego. Ele também queria fazer faculdade - estava em dúvida entre Nutrição e Educação Física - e realizar um sonho antigo: ser mergulhador. Como o curso de mergulho era pago, precisava de dinheiro, e por isso ele começou a trabalhar como vendedor em lojas de shoppings.


Fonte: Extra Online

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