Tudo de novo! Sem recuar!

Eduardo Paes já anunciou que em 2014 haverá aumento nas passagens do transporte coletivo? Então voltemos ao assunto.

Não, não eram por R$ 0,20. Não, não será por qualquer preço. Mas não podemos dizer que não é por valor, sim, é por valores. O que um reajuste, seja de quanto for, significa para toda a população? O prefeito alega que tem que cumprir contrato com as empresas de ônibus. Oras, e o “contrato” com a população? Esse ele não quer cumprir? Claro que não quer, não tem nenhum compromisso com o povo, mas sim com as empresas que sustentam seu estilo ostentador de vida. Quais são todos os significados do aumento das passagens?

O aumento das passagens significa, primeiro, que o transporte não é e nem nunca foi PÚBLICO no Rio de Janeiro. É um transporte coletivo privado, absurdamente caro e com uma péssima qualidade. É administrado por empresas privadas, com frota privada, visando interesses privados e sem concorrentes. Ninguém prefere pegar determinada linha de ônibus, metrô ou trem; é falta de opção mesmo, necessidade. E todos esses transportes, somado às barcas, são de empresas privadas. Portanto nós, povo, temos que ter consciência e nunca mais usar a palavra PÚBLICO ao se referir aos transportes COLETIVOS privados. Essa é a primeira verdade que se esfrega na nossa cara sempre que há, ou tenta-se fazer, um aumento de tarifa de transportes coletivos.

Depois vem a questão de para onde vai tamanho montante de dinheiro. Todo processo de caixa dessas empresas não tem nenhuma transparência. Pagamos muito caro por um serviço essencial e que é prestado em equipamentos normalmente sucateados com profissionais super explorados que, devido às péssimas condições de trabalho, prestam um serviço que tende a ser péssimo. Quando pagamos uma passagem, seja de ônibus ou qualquer outro transporte coletivo, é pago em dinheiro e a vista. Todo o montante é a vista. O que torna tudo mais surreal ainda. Porque o processo de caixa não é aberto? O serviço que deveria ser público, não deveria ter seus processos de faturamento abertos?
No terceiro ponto fica o nosso direito a locomoção e a cidade. Com valores exorbitantes nas passagens nós perdemos o direito de transitar pela cidade. Ou temos carros ou não iremos para lugares mais distantes de nossas residências. Grosso modo temos apenas o direito de nos locomovermos para ir trabalhar. Isso os que recebem passagem, ainda existem os que não recebem passagem do empregador e ainda tem que pagar para trabalhar, literalmente. Muitos empregadores dão preferência em contratar quem mora próximo ao trabalho, por quê? Redução de custos e de atraso. Mas qual a relação do atraso causado por engarrafamentos com o transporte coletivo?

Essa é a quarta parte do problema.

Com transporte coletivo sucateado, caro e com péssima qualidade muita gente recorre ao carro próprio para se locomover. Não existe pista larga o suficiente para comportar tantos carros privados. A conta é simples: um veículo para, na média, 5 pessoas mas que na maior parte do tempo transporta apenas uma. Não tem jeito, haverá engarrafamentos cada vez maiores enquanto a política de transporte público (aí sim falamos em público) visar apenas lucros desenfreados de meia dúzia de famílias. A discussão sobre transporte e direito a locomoção/cidade é ampla. Não bate apenas na tecla monetária, bate na tecla de DIREITOS. É o direito de escolhermos, enquanto cidadãos, os rumos da política do Estado, direito de termos acesso a informações e prestação de contas, direitos de dignidade e qualidade de vida. São muitos direitos, mas definitivamente nunca será por R$ 0,20 centavos. São valores, não preços.

E as ruas vão lembrar isso novamente já que parece que o prefeito esqueceu.



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