E chegamos ao último dia de 2013...

...o ano em que reaprendemos a sonhar. Em uma retrospectiva do ano poderíamos ficar horas e mais horas relembrando os desmandos políticos, os crimes da polícia contra a sociedade civil e em defesa dos poderosos, as bombas, os sprays, as ocupações desocupadas sem ordem judicial. Poderíamos passar horas lambendo nossas feridas de tanto termos gritado, apanhado, sermos presos, ser humilhado e escorraçado e, aparentemente, tão pouco ter mudado. Pouco? Não, absolutamente não. Muita coisa mudou e quem não enxerga é por não fazer parte do processo.

O mais claro nas mudanças é que reaprendemos a sonhar. Depois de décadas de ditadura explícita e 25 anos de uma pseudo democracia nós reaprendemos a sonhar. Ficamos fartos de nossos murmurinhos pelos cantos e nos juntamos para sonhar juntos. Favela e asfalto se encontraram. Indígenas e não indígenas se uniram nos “Belos Montes” e nas Cidades. Alunos e educadores juntos por educação de qualidade. Todos fomos alunos e educadores. Foi, sem a mínima sombra de dúvidas, o ano da união dos sonhos. A união dos improváveis.

Nenhum projeto de lei ou qualquer iniciativa governamental foi posta em prática, mas quem esperava que fosse? De certo alguns ingênuos esperavam isso, mas nós sempre falamos que a solução dos nossos problemas nunca será dada pelos causadores dos mesmos. Não será os que nos exploram e oprimem que solucionarão nosso problemas, já que eles que são os causadores. Não serão eles que irão sanar nossa dor e sofrimento. Esse ano aprendemos a ser nós por nós.

Aprendemos sobre solidariedade sempre que socorríamos ou eramos socorridos por queridos anônimos com rostos cobertos para se proteger da violência do Estado. Aprendemos que ninguém fica pra trás e quado um vai preso todos vamos juntos. Aprendemos sobre um mundo sem fronteira quando trocamos conhecimentos de organização e resistência com os mais diversos países do mundo. Alguém se esqueceu das manifestações em nosso apoio vindas da Turquia e do Egito? Aprendemos que somos irmãos e irmãs independente de qualquer coisa. Aprendemos a co-criar, a colaborar, a construir juntos. Aprendemos o respeito as diversidades. E o que mais assusta aqueles que pensam serem poderosos; aprendemos a dizer NÃO!

Para nós não existe a mínima dúvida de que esse foi um ano especial. Ele não surgiu do nada, foi uma construção de muitos anos anteriores, de muitos braços e mentes anônimas. Foi um acúmulo de anos, uma maturação. 2013 foi o refino, os toques finais para um 2014 com eventos internacionais e eleições. Esse ano, o ano de 2013, foi o ano que ideias voltaram e se tornar perigosas para os opressores do povo. Sem dúvidas, conquistamos muito mais que meia dúzia de leis fajutas. Nós conquistamos nossa capacidade de sonhar. Conquistamos nossa capacidade de sonhar juntos, lutar juntos e criar juntos.

Parabéns a você que lê esse texto. Parabéns a você que estende a mão a um irmão. Parabéns a todos vocês que fazem, fizeram e farão parte dessa construção coletiva, autônoma e horizontal. Parabéns a todos nós, unidos como um!

Que em 2014 todo poder emane do povo, pelo povo e para o povo.

Por Anonymous Rio

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