“Estava dentro de um carro e pediu que a gente se retirasse do caso, mostrando uma arma”, revela integrante do Advogados Ativistas
O grupo Advogados Ativistas convocou ontem, quarta-feira (29), uma coletiva de imprensa. Relataram que um de seus integrantes recebeu “ameaça de morte” para que saísse do caso envolvendo o estoquista Fabrício Chaves, de 22 anos. O jovem foi baleado por policiais militares durante ato contra a Copa do Mundo na região central de São Paulo, no último sábado(25). Fabrício perdeu um testículo e pode ter comprometidos movimentos do braço direito.
Na coletiva, além de denunciar as condições ilegais em que os delegados tomaram depoimento do jovem, os Advogados Ativistas, que representavam judicialmente o rapaz até a tarde dequarta-feira (29), trouxeram a público grave denúncia de ameaça de morte para sair do caso. “Na segunda-feira (27), nas imediações do hospital, fui abordado por alguém chamando meu nome. Essa pessoa estava dentro de um carro e pediu que a gente se retirasse do caso, mostrando uma arma”, relatou Daniel Biral, 33 anos, um dos integrantes do grupo, na coletiva de imprensa.
O grupo que defende voluntariamente manifestantes presos durante protestos públicos em São Paulo, também denunciou ilegalidades na coleta do depoimento do jovem Fabrício Proteus Chaves. O rapaz de 22 anos foi ouvido por três delegados na tarde de terça-feira (28) em seu leito hospitalar na UTI da Santa Casa de Misericórdia.
Na coletiva à imprensa, o advogado Geraldo Santamaria Neto ressaltou que a colheita do depoimento foi ilegal porque, no momento em que os delegados colheram o depoimento do Fabrício, ele tinha acabado de sair do coma, estava internado numa UTI, sob efeito de morfina, e que o depoimento foi assinado com o dedão. “Ele ficou sozinho com três delegados no quarto. Só no final o defensor público apareceu”, ressaltou.
Em seu depoimento, Fabrício contradiz a versão dos três policiais envolvidos no caso - e que foi assumida pelo governador Geraldo Alckmin e pelo secretário Fernando Grella sem qualquer apuração prévia. Os soldados afirmam que atiraram no jovem em legítima defesa, uma vez que o rapaz teria partido para cima de um deles, caído no chão, com um estilete nas mãos. Fabrício afirma que foi alvejado antes de investir contra o policial.
Mais ameaça?
Pouco antes de a coletiva ser iniciada, o Advogados Ativistas foi surpreendido pela notícia de que familiares de Fabrício não queriam mais que o grupo assumisse a defesa do jovem, que anteriormente era representado pela Defensoria Pública.
“Algo ocorreu nesse meio-tempo, de ontem pra hoje, e a família nos desconstituiu do caso”, explicou André Zanardo, também membro dos Advogados Ativistas, que não soube dizer por que a família de Fabrício tomou essa decisão ou se seus pais também receberam algum tipo de ameaça. Os Advogados Ativistas vinham acompanhando e prestando assistência jurídica ao jovem baleado desde o sábado.
Para o grupo Advogados Ativistas, existe o risco do Fabrício deixar de ser apenas vítima policial para ser também uma vítima política. Segundo eles, “as investigações mal começaram e órgãos deslegitimados já estão até o condenando”. “Parece claro que o secretário está legitimando a polícia a agir de forma desproporcional, o que ocorre tanto nas favelas quanto nas ruas e acontece, agora, nas manifestações populares”, reforçava a convocatória da coletiva à imprensa. (Com agências)
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