QUEM TEM MEDO DE MARCELO FREIXO?

Estamos vendo um movimento sincronizado entre mídia e setores políticos saudosos dos tempos de AI-5, que tentam se aproveitar da comoção popular para pintar manifestantes de terroristas. Querem garantir a festa da FIFA. Até aí, já estava tudo previsto na cartilha do velho jornalismo; mas eis que o Globo, sagaz, começa uma campanha difamatória em editoriais e manchetes tentando ligar o Deputado Marcelo Freixo à morte de Santiago e ao Black Bloc. Por que ele?

Dois anos atrás, nas eleições municipais do Rio de Janeiro, Freixo já denunciava o rumo que a cidade iria tomar no projeto encabeçado por Eduardo Paes: o Rio se tornaria um balcão de negócios, onde os interesses especulativos se sobreporiam aos interesses da população, parte da cidade seria negociada para os grandes empresários e os obstáculos ao lucro seriam atropelados, justificando toda a bárbarie com a Copa e os Jogos Olímpicos. Não deu outra. Processos acelerados de remoção compulsória, Porto Maravilha, trânsito caótico, desrespeito aos direitos humanos e aos povos tradicionais, truculência, cinismo.

Em sua campanha de 2012, Freixo apostou nas redes e nas ruas, sem doações de empreiteiras e grandes empresários, sem campanhas milionárias na mídia e sem coligação com partidos políticos, conseguiu 30% dos votos. Mas sua vitória foi muito maior: mostrou que é possível quebrar o ciclo econômico da política, em que empresários doam milhões a candidatos, que gastam em publicidade com os barões das agências e produtoras, e lucram ainda mais em processos de licitações fraudulentas. Apostando nas pessoas, Freixo comprovou que existem alternativas à velha política.

Vamos para as ligações: o advogado do suspeito, Jonas Tadeu, defendeu milicianos, que por sua vez eram ligados a Sergio Cabral. A polícia conduz as investigações às escuras e a narrativa construída deixa ainda muitas dúvidas. O Secretário de Segurança José Mariano Beltrame propõe lei que tipifica manifestantes como terroristas. A Globo faz uma campanha criminosa, que evidencia seus interesses e o mau jornalismo praticado pela empresa. Quem eles atacam? A voz que denuncia, há anos, a promiscuidade entre mídia, poder e polícia.

Mas isso, por si só, não responde a provocação desse texto. O que eles temem, afinal? Com a explosão de manifestações que começaram em 2013, as redes e as ruas se estabeleceram como canal de questionamento e de construção de contra-narrativas à verdade hegemônica. A inteligência coletiva começou a disputar com o Jornal Nacional as pautas do país e inseriu um novo ator político na jogada: o interesse público. Quem melhor dialoga com o novo? A Globo? O Governo? A FIFA? Um estagiário me disse que o que eles temem é que, de pergunta em pergunta, de ligação em ligação, comecemos a encontrar as respostas.

#temostodosligaçãocomfreixo

Caio Hungria / Midia NINJA

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