FOI NEGADO O PEDIDO DE LIBERDADE DA SOL E DO VITOR. Os advogados estão entrando com pedido de habeas corpus hoje!.

Fonte Anonymous Rio

INGUÉM FICARÁ PARA TRÁS! LIBERDADE JÁ PARA TODOS OS NOSSOS PRESOS POLÍTICOS!

"Nossos companheiros Victor Ribeiro e Soledad (Sol) Barbosa foram presos ilegalmente no dia 15 de Outubro, por volta das 23h, no Passeio, próximos à Lapa, e, na tarde de hoje, foram levados para o presídio, acusados de terem incendiado uma cabine de ônibus. Estávamos com eles, e passamos, abaixo, a relatar, todo o contexto do que aconteceu, retratado no link abaixo entre os minutos 2'54'' e 3'30''.

Por volta das 22h, Victor recebeu um telefonema da Sol, pedindo que fossemos até o local em que ela estava, na Cinelândia, pois distendeu a musculatura da perna tentando ir ao nosso encontro, na Lapa. A encontramos, e, quando tentávamos sair fomos surpreendidos por um ataque da polícia militar, que atirou dezenas de bombas de gás lacrimogênio contra centenas de pessoas que estavam na praça. Todos corriam assustados com os estrondos dos disparos. Com a Sol debilitada, tentavamos nos proteger junto a parede da esquina de um beco, quando nos vimos, com todos os demais, encurralados por todos os lados por tropas da PM, inclusive do Batalhão de Choque. Aterrorizados e sob o efeito da grande quantidade de gás lacrimogênio que ofuscava nossa visão, também ficamos sem saída.

Até que, por alguns instantes, o bloqueio da polícia se desfez, e conseguimos sair em direção ao Passeio. Logo após virarmos a esquina do cinema Odeon, rumo à Lapa, vimos dois homens saindo do prédio da EBX, com revólveres, fazendo disparos, sem motivo algum, contra as poucas pessoas que por ali passavam, inclusive nós (éramos quatros pessoas), que tentávamos passar pela calçada, do outo lado da rua, próximo à estátua de Mahatma Gandhi. Corremos em direção à Lapa, com medo dos disparos, e com a Sol nos ombros. Já aí, de longe, avistávamos uma fogueira, no final da rua, próximo à Lapa.

Há poucos metros desta fogueira, vimos pick-ups do Choque vindo em nossa direção. Neste momento, não estávamos mais correndo, pois já tínhamos nos distanciado bastante do local dos dispáros e não ouvíamos mais os estampidos. Assustada com a aproximação do Choque, Manuela da Silva foi na frente. Eu, com dificuldade de respirar, vinha por último, quando vi os policiais do Choque deterem o Victor e a Sol. Fui na direção deles. Um policial ordenou que eu abrisse minha mochila e jogasse no chão tudo o que estava em seu interior. Respondi que ele poderia ver a mochila, para evitar molhar e sujas as coisas nela estavam. Foi obrigado a obedecer: 'joga isso no chão logo! Obedece!" Obedeci. E vendo que levavam o Victor e a Sol, perguntei: 'sob qual acusação?". Alegaram que eles teriam provocado o incêndio. Eu objetei: "então, me leva também, pois sou testemunha de que eles não fizeram isto!". Então um policial disse, de forma ameaçadora, que eu não iria testemunhar. Perguntei: para qual delegacia vão levá-los. Não responderam. Insisti! Disseram: 17a.

Fui, então, para lá. Perguntei por eles no atendimento: por lá não passaram. Consultei advogados, mas, aturdidos pela grande quantidade de detidos, não souberam dizer-me aonde estariam. Meu celular estava sem bateria, desde quando saímos da Cinelândia. Por isto, nem consegui gravar o momento dos disparos próximos à EBX. Voltei à pé para o Centro, pois não havia ônibus circulando. A chave de casa ficou com o Victor. Fiquei sem paradeiro. Passei a noite no Ocupa Petrobras. Mas, só consegui carregar meu celular, pela manhã, e pude descobrir o paradeio de nossos amigos 12a. DP - Copacabana. Corri para lá, mas não pude testemunhar. O delegado de plantão, que lavrou o 'auto de prisão em flagrante' já não estava. E o delegado responsável disse que não poderia fazer nada. Insisti: "eu estava há poucos metros deles, vi tudo, os policiais, quando passávamos próximos da fogueira que já existia na rua, estavam bem mais distantes, e dentro de seus automóveis, em condições de visibilidade precárias...". Mas não adiantou dizê-lo. Eles foram levados, como se criminosos fossem, para o presídio, sob protestos. A Sol, com com outra menina, antes, em um carro. O Victor, com outros cerca de 10 presos, em uma Van, apertado, entre grandes, de Copacabana até Itaboraí.

A distribuição aleatória dos casos, que, entre outras práticas ilegais da polícia, cerceiam o direito ao devido processo legal e à proteção penal dos detidos, o próprio cerceamento dos direitos de ir, vir e ficar e à manifestação política, a invenção, típica de estados autoritários, de novos tipos penais, de 'organização criminosa', a produção social do 'sujeito terrorista' e de um estado d'exceção não-declarado, são questões sobre as quais nos debruçamos e denunciamos, como ativistas e pesquisadores, desde 2010, ao menos. A recusa do Estado em reconhecer a natureza política dos atos de enfrentamento do terrorismo d'estado, da violência institucionalizada, assim como a prisão genérica de dezenas/centenas de manifestantes em locais e datas de manifestações públicas, são demonstrações óbvias deste mesmo estado d'exceção não-declarado... Em que, recentemente, até mesmo o governo federal, sob a pressão dos patrocinadores (ditadura do capital) da Copa e das Olimpíadas, se envolveu, junto a Polícia Federal e a Interpol."

Victor é cineasta, integrante do Câmera Rebelde, coletivo de cineastas independentes do qual também participamos, e já realizou obras como “Distopia 21” (http://www.youtube.com/watch?v=87VXFGWGv0w) e Pescado” (http://www.youtube.com/watch?v=4jyq-3M_6Ho).



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fala ae!!!