História da Ilha Grande A COLÔNIA E OS ESCRAVOS

O INÍCIO da COLONIZAÇÃO

Os primeiros registros sobre as tentativas de colonização da Ilha Grande datam de 1591 e foram feitos pelo marinheiro Inglês Antony Knivet, tripulante de uma armada corsária. Diz o marinheiro que ao aportar na Ilha Grande, encontrou um núcleo de cinco ou seis casas, habitadas por portugueses-índios que cultivavam mandioca, batata-doce, bananas e criavam porcos e galinhas. Antes de partirem com o objetivo de interceptarem os navios que vinham da bacia do Prata, saquearam e incendiaram a aldeia.

Em 1764, em publicações feitas na Europa , encontramos a sinalização de duas casas: uma na Praia do morcego ( na enseada do Abraão - que pertencia ao pirata espanhol Juan Lourenzo e ainda hoje encontramos velhos canhões de pólvora postados nas encostas próximo à praia ) e outra na Enseada das Estrelas.

Levantamentos cartográficos realizados em 1809, mapearam desde a Ponta de Castelhanos até a ponta da Enseada das Estrelas.

Na Enseada das Palmas foram assinaladas 14 casas que encontravam-se distribuídas na praia Grande das Palmas , na praia dos Mangues (sete casas), na praia Grande do Pouso e uma na praia das Aroeiras. Eram catorze construções e duas destacavam-se apresentando proporções bem maiores do que as outras, localizadas uma na praia Grande das Palmas e outra na praia do Pouso.
Na Enseada do Abraão, assinalava-se 12 casas, sendo que um grupo formava uma grande usina de açúcar localizada próximo da praia hoje denominada “Júlia” ; duas na praia preta, a casa grande da Fazenda do Holandês e a senzala - que foi construída por holandeses discidentes de motins de navios,que se estabeleceram na Ilha; duas outras em frente às Ilhas do Macedo (as duas ilhotas em frente ao caís na vila de Abraão) e uma na praia do Morcego.

Na enseada das Estrelas estava o maior número de casas registradas no levantamento de 1809. Eram 24 prédios entre moradia e engenhos que espalhavam-se desde a praia da Feitceira onde havia uma fazenda de mesmo nome, passando pelas praias de Iguaçú, Camiranga, Grande , de Fora e Perêque onde ainda hoje verifica-se um antigo casarão de fazenda.

Totalizavam-se então, aproximadamente 50 construções naquela época e os registros apontam que os habitantes tratavam-se de proscritos da sociedade.

O início da colonização data-se então entre 1725 e 1764.


AS LAVOURAS E A ESCRAVIDÃO

A primeira lavoura de porte foi a de cana-de-açúcar.
No século XIX houve na Ilha Grande nove engenhos produzindo álcool e açúcar que situaram-se na enseada das Estrelas, Freguesia de Sant’ Ana - que era um centro de desenvolvimento da Ilha, Matariz, Sítio Forte, praia da Longa, praia de Dois Rios, enseada das Palmas e Abraão.

Além do plantio da cana-de-açúcar, plantou-se o café. Dentre os municípios de Angra dos Reis, somente Mambucaba e a Ilha Grande dedicaram-se à cultura do café; os outros preferiram continuar com a lavoura da cana que chegou a ser exportada para a Europa.

Historiadores que visitaram a Ilha na época destacam a fazenda de Dois Rios como uma bela e bem estruturada fazenda, citando que duzentos escravos trabalhavam na lavoura do café. Era notável a boa qualidade da construção dos ‘’baracoons” , senzalas. Embora não houvesse cais para a atracação de embarcações, a localização da fazenda apresentava todas as condições naturais para proceder à desembarques, sem que houvesse necessidade da construção de cais.

Nos séculos XVIII e XIX, os lavradores desmataram grande área para o cultivo da cana de açúcar e posteriormente para a cultura do café.
Na segunda metade do século XIX, o declínio do café e o fim do tráfico de escravos geraram a decadência econômica da região.

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