História da Ilha Grande O IMPÉRIO


O IMPERADOR DOM PEDRO II e O LAZARETO

Em meados século XIX , o Brasil vivia o império de Dom Pedro II. Foi quando surgiu a necessidade de se construir um novo lazareto (uma espécie de hospital para imigrantes), em lugar apropriado para abrigar viajantes e imigrantes portadores de cólera, normalmente contraída nos navios . Vários estudos vinham sendo elaborados nesse sentido quando o Imperador Dom Pedro II, no dia 5 de dezembro de 1863, fez sua primeira visita à Angra dos Reis. Em seu Diário de Viagem, que se encontra no Museu Imperial de Petrópolis, registrou com desenhos e textos a sua passagem pela Ilha Grande, não escondendo o seu encantamento pela singular beleza da Ilha. É possível que mais tarde, quando se decidiu o lugar onde deveria ser construído o lazareto, tenha prevalecido a sua vontade.

O Imperador visitou a Enseada das Palmas e em seguida a frota parou na enseada do Abraão e sua Majestade pernoitou na Fazenda do Holandês. Durante a sua estadia na Vila de Abraão, deu ao devoto Manuel Caetano de Lima uma esmola para a capela em construção ( a igreja na praça central ) cuja padroeiro é São Sebastião.

Em 1884, a Coroa adquiriu a fazenda do Holandês e logo em seguida, a de Dois Rios. A propriedade da fazenda do Holandês estava compreendida entre a praia Preta até a atual ponte de atracação do Abraão. Esta área ainda hoje é de propriedade do Governo Federal.

Na época, a Fazenda de Dois Rios pertencia à família Guimarães, tendo sido vendida à Coroa também em 1884. A propriedade da Fazenda de Dois Rios, estendia-se desde o Canto da praia de Santo Antônio, próximo a Lopes Mendes até o lugar denominado Mar Virado, perto da Parnaioca. Mais tarde foi adquirida outra área no lugar denominado Bica, próximo a ponta Grossa, ainda hoje propriedade do Governo.

Em 1884 começou a construção do Lazareto, obra que terminou em 1886 e contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da Vila de Abraão que foi elevada a distrito de Angra dos Reis em 9 de maio de 1891.



Os armazéns do lazareto, na Vila Abraão


O funcionamento do Lazareto seguia o mesmo critério adotado pelos navios de passageiros com relação as classes de passageiros. Existiam pavilhões de 1as, 2as e 3as classes. Haviam restaurantes, armazéns para cargas e bagagens, laboratório bacteriológico, enfermaria e farmácia, além de belos jardins.

O imperador Dom Pedro II teve três passagens pelo Lazareto: Em abril de 1886, em agosto de 1889 e, logo em seguida na condição de prisioneiro onde aguardou o transporte que o levaria para o exílio.

Pavilhão primeira e segunda Classe

Pavilhão terceira Classe

O Lazareto funcionou de 1886 até 1913 tendo atendido 4232 embarcações, das quais 3367 foram desinfetadas.

De 1913 até aproximadamente meados da década de 30, o Lazareto permaneceu desocupado, voltou a ser usado até 1939 como alojamento pelos fuzileiros navais, por ocasião de manobras militares as quais reuniam cerca de 10 navios na enseada do Abraão. Naquelas noites, os fuzileiros se reuniam e agitavam a comunidade da Vila quando praticavam o “MARACATU” , um tipo de música e dança de origem nordestina.

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